terça-feira, 26 de junho de 2018

Viajando sozinha por Buenos Aires

Oi, gente! Demorei para escrever sobre essa viagem, pois na época li tantos sites e blogs com uma experiência enorme em Buenos Aires (BA) que acabei considerando que não teria muito a contribuir. Ledo engano! Já que a proposta aqui é levar o olhar a “milanesa” e dar sugestões, não é mesmo? Apesar de ter mais de um ano, acredito que as dicas podem contribuir para quem deseja conhecer a capital Argentina!

Por ter muita informação e para facilitar a leitura, decidi dividir o post em duas partes.
Na primeira, escrevo sobre meu planejamento de viagem, algumas coisas que fiz no bairro no qual fiquei hospedada (Belgrano) e dicas sobre "comer e beber".
Já na segunda parte, apresento sugestões quanto ao que fazer conforme os bairros da capital Argentina e um passeio na cidade vizinha.

Ah! No final do primeiro post inseri os links de alguns sites e blogs que enriqueceram o roteiro de viagem que montei, vale a pena acessá-los!


Viajando sozinha por Buenos Aires (Parte 1)


Fiz o planejamento de minha viagem com 4 meses de antecedência. Conheci BA no mês de abril de 2017; estava começando o frio por lá, mas ainda peguei um clima ameno. Foi minha primeira viagem internacional e sozinha, por isso acredito que essa experiência pode contribuir para desmistificar medos que (ainda) possam existir na mulherada que deseja viajar sozinha. Foram 7 dias de muito aprendizado em uma outra cultura. A-M-E-I!!!

Aluguei um quarto de uma moradora de BA, pelo site Airbnb (https://www.airbnb.com.br/) e foi uma das melhoras experiência que já tive! Minha anfitriã (Lita) foi receptiva e me ajudou em tudo, dando dicas valiosas quanto aos lugares para visitar, comer e como chegar. Cedeu-me um cartão de transporte (que eu mesma recarregava) e quando eu queria utilizava a cozinhava da casa.

Macarrão com camarão e brócolis feito por mim!
(Arquivo pessoal)

Como gosto de conhecer a realidade dos lugares para os quais viajo, programei-me para chegar e comprar algumas coisas e preparar uma comidinha com os ingredientes locais. Fiz isso no primeiro dia e senti-me uma nativa! Nos outros dias conheci os restaurantes e bares, mas essa primeira experiência de ir a um local “não turístico” foi muito valiosa, pois rodei pelo comércio do bairro de Belgrano, “arranhei” meu espanhol, assisti a uma briga (que para eles é uma conversa acalorada) e trombei com vários brasileiros. Ou seja, pude conhecer um pouco da dinâmica dessa cidade, extra turismo (minha cara!!!!).

Passeando por Belgrano - Lateral do restaurante 'La Dorita'
(arquivo pessoal)
Quando estive por lá, a moeda (peso argentino) estava desvalorizada (4 por 1) em comparação ao Real e pude notar como comprei coisas de qualidade com um preço justo. Porém, é ilusão pensar que teremos um poder de compra 4 vezes maior, pois, muitas coisas são caras por lá. Exemplo? Água mineral! Tinha lugares que a garrafinha de 500ml chegava a custar o equivalente a R$10,00! A dica é comprar em supermercados ou nos kioskos (quiosques que vendem chocolates, balas e coisas do gênero e estão espalhados pela cidade), aí ela sai por R$5,00 até menos.

Minhas observações sobre a cidade:

1) Tem uma banca de frutas e uma de flores em cada esquina, é encantador!
Banca de frutas e legumes em Belgrano
(arquivo pessoal)
Banca de Flores em Belgrano (arquivo pessoal)


2) As cafeterias são bastante tradicionais por lá, dão um ar chique ao lugar. Vale conhecer o café mais tradicional da cidade que é o Tortoni (tem vários cafés da rede Starbucks, porém esses existem em outros lugares, né? O legal é aproveitar o que você só encontra na cidade).


Faixada do Café Tortoni, que existe desde 1858
(arquivo pessoal)


Desayuno (café da manhã) - Café Tortoni
(arquivo pessoal)


3) BA é cheia de livrarias! Mesmo para quem não curte leitura, torna-se uma visita atrativa ir até a 'El Ateneo', que funciona no prédio de um antigo teatro e conta com uma arquitetura belíssima. Ela é majestosa e dá a impressão de estarmos em outra época!

Vista do prédio que abriga a livraria El Ateneo
(arquivo pessoal)

El Ateneo é a maior livraria da cidade de BA e está instalada em um antigo teatro,
vale a visita pelos 120 mil títulos e pela beleza do lugar.
(arquivo pessoal)

4) Quando precisei de informações por lá, eles sempre queriam saber o nome das ruas (calles) que se cruzam, por isso, é bom chegar e conseguir um mapa, ele será precioso!  

Placas das calles (ruas) em Belgrano - Luiz Maria Campos y Frederico Lacroze
(arquivo pessoal)


5) Para quem gosta de vinhos, não pode deixar de tomar, ao menos uma taça de um bom vinho argentino. O da imagem abaixo é um malbec, mas existem outras uvas cultivadas no país (Merlot, Shiraz...)


Vinho Malbec e entrada - Voulez Bar em Belgrano
(arquivo pessoal)

6) Os parques e praças da cidade merecem uma visita para apreciação! Alguns têm lagos, pistas de corrida, e todos têm muita gente e animais! Ah!!! Ouvi uma história de que em BA 60% da população tem cachorro! E isso faz sentido, pois vi pessoas passeando com 5, 6 cachorros... e não é história, vejam abaixo a foto que tirei lá! 


Contem comigo, 1, 2, 3, 4 e 5. Viram só?
(arquivo pessoal)
Um dos parques da cidade (acho que esse é em Palermo).
(arquivo pessoal)



Comer e beber (dicas):

Pizza – são super famosas na cidade e têm uma massa mais grossa (não curti muito). Comi na Av. Corrientes, na pizzaria “Guerrin” que é tradicional;
Sorvete – tomei vários dias o da Freddo, e para mim o de “Dulce de leche” bate qualquer outro sabor!
Vinhos – quem desejar levar para casa, os melhores preços são dos vendidos em supermercados. Tem até Carrefour por lá, o que oferece boas variedades. Mas, o supermercado Coto tem preços bem justos.
Água – já falei dela, mas deixo reforçado que é cara se comparada com a água no Brasil, em geral nos supermercados ou Kioscos tem um preço melhor.
Alfajores – para quem gosta (como eu) vale experimentar as diferentes marcas. Existem algumas mais populares como ‘Jorgito’ e ‘Negro’ (gostei muuuuito desse último, ele é delicioso e tem um preço ótimo). E as marcas mais requintadas e um pouco mais caras, como ‘havanna’ e 'Cachafaz', mas vale comprar e experimentar, presentear. Algumas cafeterias e confeitarias também produzem e são muito gostosos.
Empanadas – bem populares entre os portenhos, são espécies de pasteis assados de massa bem fininha. Para quem nunca comeu, acho legal experimentar, por ser tradicional por lá.



Alfajor um dos doces mais comidos em BA
(imagens google)

O que deixei de fazer e me arrependi:

Deixei de conhecer uma Milonga – lugar onde se dança e ensina-se a dançar o tango! Vi uma no meu terceiro dia, mas não dei muita ideia, pois estava voltando do passeio a cidade do Tigre e estava cansada.  Ocorreu em um coreto de uma praça pertinho de onde fiquei hospedada! Depois até achei esse blog que fala delas! - https://www.matraqueando.com.br/cinco-milongas-em-buenos-aires-escolha-a-sua


Fotografei essa Milonga no Belgrano no dia que voltava da cidade de Tigre.
Ficou meio longe, mas dá para ver o pessoal dançando, né?!
(arquivo pessoal)


Bem, coisas para fazer em BA é o que não falta! A cidade é muito cultural com teatros, tangos, cafeterias, praças, parques, museus... em geral os ambientes são bonitos e acolhedores! No próximo post falarei sobre alguns lugares que visitei e algumas sugestões de roteiros. 

Até o próximo post!

Blogs e sites que contribuíram para meu planejamento:

1) ‘Quanto custa viajar?’ – O site nos ajuda a ter uma noção de despesas conforme o roteiro pensado e de acordo com cada bolso! https://quantocustaviajar.com/argentina/buenos-aires

2) ‘Cadeira voadora’ – Ele tornou-se um site sobre acessibilidade e é encabeçado pela grande amiga Laura Martins, mas ainda é possível acessar as viagens que ela fez para BA no blog. http://cadeiravoadora.blogspot.com/2011/01/buenos-aires-de-cadeira-de-rodas-parte.html

3) ‘Aires Buenos’ – um blog criado por brasileiros que vivem em BA, trabalham com turismo alternativo na cidade e cheio de dicas para quem quer conhecer a capital Argentina - http://airesbuenosblog.com/
 
4) ‘Brasileiros por Buenos Aires’ – No site tem de tudo sobre BA. Basta pensar na pergunta e pesquisar! http://brasileirosporbuenosaires.com.br/

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Trair ou não trair? Eis a questão!

Esse post não se propõe a trazer ideias preconcebidas socialmente, mas parte de um desejo de escrever sobre um tema controverso e repleto de simbolismos, a traição. Aqui não se trata de poliamor (relação aberta e consentida entre o casal), mas de situações que envolvem o rompimento de um 'acordo' de confiança e fidelidade. 
Apesar de muitas vezes se associar a palavra trair ao ato da infidelidade conjugal, existem diferentes modos de traição, desde trair a confiança, ofender a imagem da (o) companheira (o), até trair os próprios valores e crenças.  

Sobre o tema, fui entendendo que minhas ancestrais traziam em suas histórias um ciclo crônico que girava em torno de relações afetivas enredadas por mentiras e traições. Uma tia avó, farmacêutica conhecida que viveu no interior de Minas Gerais morreu de “mal de amor”, assim diziam os médicos. Ela ‘amou’ e casou-se com um homem que era viciado em jogo, mentia e mantinha relacionamentos extraconjugais. De fato, ela morreu de decepção por ter sido traída de várias formas, não somente pelas posturas do marido, mas por ter depositado boa parte de sua vida e, quiçá, esperança naquela relação amorosa. Essa mulher fez sua morada no outro e não em si mesma.

 "...fui entendendo que minhas ancestrais traziam em suas histórias um ciclo crônico que girava em torno de relações afetivas enredadas por mentiras e traições". Imagem: Google.

Certa vez, uma ex-colega de trabalho confidenciou-me que mantinha um caso com um rapaz que namorava. Ela, sendo solteira, acreditava que não havia responsabilidade para si quanto a situação, uma vez que ele tinha firmado um compromisso com outra pessoa e ela não. Na época interroguei-me sobre essa fala, não questionando o ato, mas a percepção de não comprometimento. Acredito que somos seres energéticos e que isso influencia todos os âmbitos da vida, partindo desse princípio, ao nos envolvermos em relações (afetiva/sexuais) há um comprometimento (positivo ou não) do campo vibratório

"ao nos envolvermos em relações (afetiva/sexuais) há um comprometimento (positivo ou não) do campo vibratório".
Imagem: Poster - Ocean of love Bliss  - Alex Grey

Faz um tempo li dois livros escritos por psicanalistas que abordam o tema da traição. O primeiro é de uma autora brasileira, Regina Navarro Lins, intitulado “A cama na varanda - arejando nossas ideias a respeito de amor e sexo”, grosso modo, a autora descreve situações de traição como algo inato e até necessário ao bom funcionamento de uma relação à dois. É como se houvesse uma necessidade biológica e primitiva a poligamia. Num primeiro momento a ideia até faz sentido, pode-se sentir desejo e atração por outras pessoas independente de um compromisso firmado. Porém, essa entrega aos desejos biológicos levou-me a novas pensações: se nos dias de hoje todos sucumbirem aos instintos e impulsos, tornaria-se justificável matar alguém num momento de acesso de raiva para aliviar a fúria, não é mesmo? A linha entre o racional e o impulso é tênue, mas o processo da racionalização é o que nos diferencia dos animais e consequentemente nos permite fazer escolhas refletidas. 

"...o processo da racionalização é o que nos diferencia dos animais e consequentemente nos permite fazer escolhas refletidas".
Imagem: Livro - A cama na Varanda - arejando nossa ideias a respeito de amor e sexo, 1997.

O outro autor, um italiano que se chama Massimo Recalcati, escreveu o livro “Não é mais como antes – elogio do perdão na vida amorosa”. Em suma, diz que ao saber-se traída a pessoa pode sentir algo semelhante ao processo de luto. Passa a existir várias mortes, como dos sonhos de uma união sincera e confiável. E nesse caso, ele apresenta dois caminhos possíveis: 1) honrar o amor e a confiança que um dia existiram, e em nome disso romper a relação, ou, 2) oferecer uma nova chance a essa união, no entanto com a certeza de que não é mais como antes, nunca mais.

Diante da traição pode-se seguir dois caminhos, romper ou dar uma nova chance, na certeza de que não será mais como antes, nunca mais.
Imagem: Livro - Não é mais como antes - Elogio do perdão na vida amorosa, 2016.

Pareceu-me mais justo e sensato o olhar desse autor, de fato por uma identificação pessoal com a crença de que amores honestos existem e que esse campo é tão fértil que merece ser cuidado. Recalcati não endemoniza a pessoa que trai, nem santifica o traído, apenas mostra que em tal situação, invariavelmente, há um comprometimento da relação e das pessoas envolvidas e ficar ou romper, compõem as escolhas que se deve fazer conforme o que é possível afetiva e emocionalmente.

Arrisco dizer que o grande desafio na fidelidade está em fazer escolhas, em honrar acordos, avaliar prós e contras, olhar para o outro e pensar se é com ele que se deseja estar nesse momento. E isso pressupõe abri mão de algumas coisas para que se ganhe outras!


"o grande desafio na fidelidade está em fazer escolhas, em honrar acordos, avaliar prós e contras, olhar para o outro e pensar se é com ele que se deseja estar".
Imagem: Irina Vitalievna Karkabi

Para encerrar deixo um trecho do livro do autor italiano:

“É a fidelidade contida na promessa que introduz um fragmento de eternidade no passar do tempo, transformando o acaso em destino, a contingência em necessidade. Por isso e só por isso, e não por razões moralistas, a fidelidade é uma postura essencial no amor” (Recalcati, 2016, p.50)   


domingo, 14 de janeiro de 2018

VISÕES DIVERSAS DA VIDA

As pessoas utilizam-se de um óculos com graus e lentes próprios para ver a vida. Os óculos traduzem a alma, envolvem o ser e podem ser notados de longe. Eles expressam como cada um nota o mundo a sua volta. Pode-se optar por lentes coloridas, lentes escuras e sempre há os que preferem as lentes transparentes.

O filme: O fabuloso destino de Amélie Poulain, um longa francês do ano de 2002, serve como um bom exemplo das diferentes formas de encarar a vida. Ele é bem lado B, por isso não esperem que desde o início tudo esteja claro e faça sentido, mas se puderem assistir até o fim, ah! Podem ter uma agradável surpresa. Amélie percebe a vida de uma forma mágica, mas totalmente conectada com o mundo e as pessoas! E os demais personagens também têm a oportunidade de nos mostrar como encaram o mundo, não é tão difícil a identificação pessoal com algum deles. Amélie vive e sabe apreciar os pequenos e sutis prazeres da vida. E a trilha sonora? É para se deliciar, como a música ‘La Valse D'Amélie’ de Yann Tiersen um músico e compositor francês! (link da música abaixo)


Divulgação do filme: O fabuloso destino de Amélie Poulain
Voltando as lentes, cada uma apresenta sua funcionalidade, as coloridas fazem com que se veja o mundo muito além do real, tudo é sempre tão bom que nada precisa ser mudado. Assemelham-se as pessoas que preferem ignorar a realidade a ter que encarar e – em muitos momento – fazer uma escolha. Mas, o preço por deixar de lado a realidade pode ser alto demais, gerando o adoecimento do corpo e da mente.
As doenças trazem em si uma grande sabedoria – é como se dissessem que algo não está seguindo o fluxo da vida. Nesse ponto - para quem deseja - pode ser o momento de reconhecer que as coisas não vão bem e buscar melhorias, ou mudanças. 

As lentes coloridas fazem com que se veja o mundo muito além do real (Fonte imagem: Google)
As lentes escuras, traduzem um mundo que é - em geral - cinza e nublado, pensam como se tudo resultasse em algo ruim e pesado. São pessoas que sempre veem o copo meio vazio. Creio que ninguém nasça assim, duro e pessimista. As dores e decepções da vida contribuem para que se crie uma armadura de proteção, uma casca. Assim, pode-se preferir pensar que tudo está fadado ao fracasso, do que correr o risco de viver uma – nova – decepção e sentir-se magoado.

Pode-se preferir pensar que tudo está fadado ao fracasso, do que correr o risco de viver uma - nova - decepção (Fonte imagem: Google)
As lentes transparentes mostram o mundo como ele é, cheio de erros e acertos, belezas e mazelas, repleto de lutas e conquistas, ora frio, ora quente. Levam a reflexão, ao raciocínio, ao aprendizado. Essas lentes demandam uma limpeza de tempos em tempos pois, por vezes o olhar está viciado e os olhos podem se equivocar. Essa limpeza é como rever seus próprios conceitos. Nada é imutável na vida, por isso o exercício constante de questionar-se tem um papel importante para quem deseja ver a vida de uma forma saudável e real, aceitando toda sua verdade.   
Sobre as formas de encarar/enxergar a vida, existem opções, escolhas quanto as lentes que podem ser utilizadas: as coloridas que levam a estagnação, as escuras que remetem a reclamações excessivas e as transparentes que podem impulsionam a realidade. 
Uma frase atribuída a Ariano Suassuna - escritor brasileiro, autor de: O auto da compadecia e falecido em 2014 - descreve que, “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”

Ariano Suassuna, escritor brasileiro (Fonte: imagem Google)

Tenho buscado - dia a dia - me aproximar da realidade esperançosa, e você? Qual lente elege – rotineiramente – para enxergar o mundo? Lembre-se, sempre é possível mudar!