Oi pessoal, estava pensativa
sobre qual texto inserir no blog e decidi falar sobre um tema bastante
significativo para mim: estar bem com você mesmo para ficar saudável.
A receita da felicidade pode ser,
para algumas pessoas, o dinheiro de sobra ou a ausência de conflitos durante a
vida, no entanto, acredito que um dos caminhos para essa tal felicidade tenha a
ver com aprender a conviver bem consigo mesmo.
Quem aí gosta de ficar sozinho
com seus pensamentos? Quem consegue chegar em casa e deixar a TV desligada, não
acessar as redes sociais e ficar realmente em paz com alguns minutos de
silêncio? Grande desafio (eu sei!), mas dar-se um tempo para silenciar a
agitação é necessário para que haja um encontro com quem nós somos (ou estamos)
nesse momento.
No atendimento psicológico é
comum o incomodo do cliente[1]
diante do “ensurdecedor” silêncio, o silêncio que grita, que extrapola o
pensamento e é extravasado no corpo em reações de ansiedade (como: bater os
pés, roer as unhas) e desconforto (tensão nos ombros, dor de cabeça).
Ninguém é obrigado a ficar calado
(e nem deve!), mas se falamos só por falar, sem que haja conteúdo, podemos
perder a oportunidade de pontuar algo que seja significativo, deixando de
contribuir para nossa vida e quem sabe, para a vida de quem está ao nosso lado.
Mas, para que surja um conteúdo profundo do que é falado, é necessária a
reflexão e consequentemente o contato com nosso mundo interno.
Está expresso na música “Certas
coisas” (Composição de Lulu Santos – adoro a versão do Lenine) que “não existiria som se não houvesse o silêncio”.
O silêncio é o lugar do som! É necessário que se cale para que se escute, para
que a fala reverbere. Por isso, devemos silenciar os sons internos (pensamentos,
emoções) e externos (os outros) para que ocorra esse encontro entre silêncio e
som.
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Silêncio e som são complementares e geram o equilíbrio. Crédito: Caroline Celico |
Nenhum extremo é bom, nem isolamento total do mundo externo, nem doação total de si ao outro. No primeiro caso, vale ter cuidado para não criarmos um distanciamento entre nós e os outros em
prol da ideia de ‘ficarmos sozinhos para sermos saudáveis’. Nesse caso,
lembro-me do filme “Comer, rezar e amar” (2010).
No filme, Elizabeth (Julia
Roberts) decide fazer uma longa viagem por diferentes partes do mundo para que
ela possa se encontrar, visita Itália, Índia e Bali (uma belíssima ilha da
Indonésia). Na última fase de sua viagem ela percebe que o recurso da meditação
lhe auxiliava nesse encontro interno. Durante suas andanças acaba conhecendo e se apaixonado por
Felipe (Javier Bardem), um brasileiro que vive na ilha. Elizabeth entra em crise
ao notar que, por estar apaixonada, afastava-se de seu tão ‘sonhado’ equilíbrio
interno e passa a questionar seu envolvimento afetivo com Felipe.
Em um diálogo do filme (vídeo abaixo) o
curandeiro Ketut diz a Elizabeth que as vezes perder o equilíbrio por amor faz parte de viver a vida em equilíbrio.
Ele não fala de perder-se no sentido de
abandonar quem se é, mas de abdicar ao controle total para viver algo
significativo com alguém significativo.
Trecho do filme: Comer, Rezar e Amar (2010)
Pode ser que digam: mas isso é só
um filme! Sim, porém baseado em uma biografia de Elizabeth Gilbert, e o
curandeiro Ketut existe! Vocês podem encontrar mais informações sobre ele clicando aqui: História do Ketut.
No mais, acredito que o que ele sugere a Elizabeth é algo a se pensar...
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Olha aí o Ketut verdadeiro! Crédito; Faz Kashani |
No outro extremo, o medo de viver sozinho com quem se é, pode gerar pessoas dependentes afetivamente, que não conhecem
seu potencial e acabam alimentando relações simbióticas, não havendo espaço
para elas mesmas. O tempo de dedicação
ao outro (chamado de amor) é tão grande que incita a falta de amor próprio.
Dedicação total ao outro não é amor, pode ser várias coisas dentre elas fuga.
Isso mesmo, ao dedicar tanto tempo e energia ao outro deixamos de nos haver com
nossas dores e características que merecem atenção. Pois, ao olharmos para nós
mesmos aumentamos as chances de mudanças internas, mas isso exige tempo e esforço.
Assim, o exercício de viver só
consigo mesmo para alcançar uma vida saudável é um desafio. Mas como podemos encontrar nossa essência e manter a plenitude? Creio que cultivando o equilíbrio entre o
mundo interno e externo.
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Imagem do Filme Comer, Rezar e Amar. |
A tod@s nós, um bom exercício!